Algumas doenças têm transmissão sexual. Outras têm transmissão pelo ar. Outras, pelo toque. Outras, pela saliva. Há algumas que têm mais de um tipo de transmissão. E todas são doenças, fazem mal ao corpo e à mente de quem as contrai. Não tem nenhuma ligação com religião, tem? Tem!
Uma matéria de um jornal de Vitória, no Espírito Santo, mostra a opinião de algumas mães religiosas sobre a vacina de HPV, que será oferecida na rede pública de saúde, gratuitamente, para meninas entre 11 e 13 anos. De acordo com essas mães, suas filhas não serão imunizadas, porque com a vacinação as meninas poderiam perder o medo da doença e fazer sexo.
Não sei para você, mas me parece loucura. Ninguém deixa de fazer sexo por medo. Na hora H ninguém está com o lado racional ligado, você apenas está seguindo seus instintos e seu tesão. Além disso, o voto de castidade não deveria ser feito por essas meninas em vez de obrigado por suas mães? A fé não é de cada pessoa?
Sou extremamente a favor de mães que resolvem não vacinar seus filhos. Há milhares de justificativas, mas todas elas são do mesmo tipo que as vacinas: científicas. Questionamentos sobre a eficácia dos medicamentos, do momento certo para sua aplicação, das diversas vacinas aplicadas ao mesmo tempo e que deixam a criança debilitada. Tudo isso faz sentido, porém deixar suas filhas em risco por causa de uma crença que nem é delas, não faz.
A fé, a vida sexual e as decisões de cada pessoa são tomadas apenas por essa pessoa. Se as garotas quiserem transar, vão dar um jeito. Com ou sem vacina. Simplificar a questão dessa maneira é preguiçoso. Falar de sexo com os filhos faz com que eles tenham noção da importância e das responsabilidades da vida sexual. Meninas e meninos devem saber quais são suas responsabilidades, o que pode acontecer quando você transa e a importância disso na vida. Ignorar esse papel dos pais é ser leviano.
Questionar a ciência com bases científicas faz sentido. Usar a saúde de pessoas que dependem de você como material para conseguir o que se quer – a virgindade, no caso – é desonesto e transforma a relação entre pais e filhos em uma mentira. As chances do tiro sair pela culatra é enorme. Cuidado.
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