terça-feira, 15 de outubro de 2013

Criança agressiva na escola - Bonzinhos perto dos pais e bravinhos na frente dos coleguinhas precisam de limites e tarefas de socialização


Aquele velho e conhecido ditado popular “é de pequeno que se torce o pepino” é a mais pura verdade e deve ser levado à risca, principalmente pelos pais cujos filhos são agressivos fora de casa. Afinal, é na infância que se começa o lento processo de educação e o preparo dos pequeninos para o convívio social.

Segundo a psicóloga Vera Zimmermann, coordenadora do Centro de Referência da Infância e Adolescência da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a princípio, todas as patologias sociais aparecem cedo. “É a concepção do psiquismo, é de pequeno que podemos reverter a situação”, avisa.

 
Perda do ‘trono’
Para a psicóloga Vera Zimmermann, a situação grupal na escola coloca um desafio maior de capacidade de tolerar frustrações e sair do trono, ou seja, ser mais um na multidão, não mais o centro das atenções. “Em família, mesmo que haja irmãos, a presença dos pais e suas formas conciliadoras, tendem a minimizar a experiência da divisão, o que uma professora não consegue frente a uma turma maior”, explica.

 
Diagnóstico
“Estes pais precisam se perguntar se estão oferecendo aos filhos experiências de tolerância à divisão, bem como de sentir-se excluído de uma cena, o que é fundamental para a socialização. Muitas vezes, a cena familiar é tão perfeita e amorosa que cria um ideal impossível de ser mantido no ambiente social. Então, temos as readaptações e crianças sentindo-se não amadas pelos colegas e professores, já que eles colocam limites e regras, deixando todos no mesmo nível de atenção”, avalia Vera Zimmermann.

Segundo a especialista, caso a agressividade fora de casa não se resolva, é necessário que a criança seja avaliada por um profissional. Mas a psicóloga dá algumas dicas para solucionar o problema, o primeiro passo é combater o individualismo:

- Não ter TV nos quartos, mas um aparelho comum para a criança aprender a dividir programas e horários com pais e irmãos;

- Estabelecer tarefas desde pequeno, conforme a idade, para que eles se sintam participativos dentro de casa (arrumar cama, lavar a louça, colocar roupa na máquina, arrumar a mesa);

- Pais devem também dividir as tarefas entre si para dar o exemplo. Não deixar que apenas um faça tudo;

- Frustrar a criança, às vezes, ajuda a ensinar as regras da sociedade, como respeitar o desejo do irmão ou dos pais em detrimento do dela;

- Tirar o ‘trono’ da criança quando ela deixa de ser bebê. Ela não precisa perder a majestade, continua sendo especial, mas não precisa mais ser o centro de tudo;

- Ensinar a respeitar as visitas, cumprimentar a todos, agradecer quem faz o almoço, elogiar a roupa limpa;

- Os pais devem estar alinhados com a escola e conversar com os professores;

- Criança deve ser ensinada a aceitar a autoridade da instituição de ensino e do professor;

- Levar o filho a se colocar no lugar do outro.

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